Em 26 de abril comemorou-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Segundo o Ministério da Saúde (MS), uma data para alertar a população a respeito dos perigos causados pela doença, também conhecida como pressão alta.
Segundo a cardiologista Rosália Morais Torres, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, o que é mais grave é que a doença, uma das que apresentam maior prevalência mundial, é silenciosa.
“As pessoas não percebem que têm hipertensão, e a primeira manifestação pode ser algo grave, como um derrame, infarto e outros que podem afetar a qualidade e reduzir a expectativa de vida do indivíduo”, alerta a especialista. Além do coração, no caso do infarto e outras doenças cardíacas, e do cérebro, no caso do derrame, a hipertensão arterial também pode afetar os olhos, diminuindo a visão, e desenvolver doenças nos rins e nas artérias. “É importante frisar que o risco aumenta à medida que a pressão arterial aumenta”, lembra a professora.
E o número de casos da doença também vem crescendo no país. Passou de 21,6%, em 2006, para 23,3%, em 2010. Segundo a Associação Brasileira de Hipertensão, estima-se que a doença atinja cerca de 5% das crianças e adolescentes.
Segundo o nefrologista, Sérgio Veloso, professor do mesmo departamento de Rosália, a explicação para esse aumento de casos infanto-juvenis está relacionada, na maior parte das vezes, com o estilo de vida contemporâneo, que reúne sedentarismo e alto consumo de alimentos industrializados. “O aumento da violência é outro motivo que impede que as crianças saiam na rua para brincarem. Assim, elas se exercitam menos”. Isso tem contribuído para o aumento de crianças sedentárias e, consequentemente, para o surgimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, cada vez mais cedo.
Segundo o médico, as crianças normalmente seguem os hábitos alimentares dos pais. Ele alerta ainda para o fato de que algumas escolas servem refeições ricas em carboidratos, o que pode contribuir para o desenvolvimento da hipertensão. “Há alguns anos, as escolas públicas serviam no intervalo pratos como macarrão. O objetivo era prevenir a desnutrição. Contudo, algumas escolas ainda continuam a servir essas refeições”, completa.
Já em bebês a maioria dos casos de hipertensão vem de fatores secundários, isto é, em consequência de outros males, como estreitamento da aorta, inflamação dos rins ou tumores suprarrenais. Bebês que nascem abaixo do peso, prematuros, além dos recém-nascidos que não amamentaram, também estão entre os indivíduos que podem apresentar hipertensão no futuro.
Segundo os médicos prevenir é a saída mais eficaz. Filhos de pai ou mãe com hipertensão têm 30% de chances de também se tornarem hipertensos. Se os dois pais tiverem a doença, o risco da hipertensão é de cerca de 50%. Atentos ao assunto, pais e médicos devem se preocupar em manter a pressão dos pequenos sob controle desde cedo. Essa medição precisa ser parte do exame de rotina anual para todas as crianças acima de três anos de idade. Abaixo dessa idade a pressão deve ser aferida pelo menos uma vez, com um aparelho de medir pressão (esfigmomanômetro) do tamanho que se ajusta adequadamente ao braço dos pequenos. Incluir atividade física no dia-a-dia e alimentos saudáveis, além de retirar o excesso de sal nas refeições, é um passo importante para manter a pressão arterial no nível adequado, de crianças e adultos.
Fonte: Faculdade de Medicina da UFMG