Eu tenho um desgaste severo de cartilagem nos dois joelhos e, para completar, o fato de estar muito acima do peso não ajuda muito. Ainda assim, quando minha Sophia dorme eu faço questão de carregar.
É que ela cresce e, mesmo com joelhos saudáveis, não sei até quando conseguiria levá-la no colo. E disso não abro mão.
Não enquanto eu puder, enfim, porque se com o tempo ganhamos novos prazeres na convivência com os filhos, perdemos alguns que são inestimáveis e é preciso extrair deles até a última gota.
Carregá-la no colo é um deles. Contar histórias, assistir a desenhos juntos, brincar brincadeiras tolas são outros. E às vezes eu desperdiço esses momentos porque quero ouvir alguma notícia no rádio ou porque tive um dia ruim no trabalho.
Estupidez de um pai que ainda não compreendeu que notícias são milhões e dias ruins serão incontáveis, mas que aqueles momentos são únicos. E se vão, ai meu Deus, como se vão.
Talvez por isso eu escreva poemas pra ela e invente músicas e escreva livros. É uma forma de pedir perdão por cada segundo que desperdicei com uma vida cheia de coisas tão desimportantes perto do alegria que é estar ao lado da minha pequena.
É um substituto idiota por não carregá-la no colo tanto quanto poderia.
"Pai de menina
Digam o que quiserem, pensem o que pensarem, mas para mim a verdade mais doce é que não há nessa vida nada melhor que ser pai de menina.
Ser pai de menina é cuidar o carinho para não machucar, é trocar monstros por fadas, é se afogar em esmaltes, batons, pulseiras e brincos.
Ser pai de menina é não falar palavrão, é se interessar por vestidos e quase ensurdecer com os gritos mais agudos que se há de ouvir.
Ser pai de menina é ganhar o sorriso mais apaixonado, é sofrer com o ciúme mais doce, é se arrepender de ter sido sempre tão duro.
Ser pai de menina é - mais importante que tudo - ser sempre o príncipe e nunca o vilão.