Com a proximidade do dia das mães, comecei a pensar nas coisas que tornam boa a convivência entre mães e filhos. Percebi que, para ser possível viver bem, é necessário reduzir as cobranças, expectativas e a culpa que atribuímos ao outro. É preciso fazer uma faxina em nosso coração, de tempos em tempos, e limpar tudo aquilo que contamina negativamente essa relação.
Por que falo isso? Todos sabem que eu tenho uma filha adolescente e, a princípio, essa deveria ser uma fase difícil pra nós duas. Mas não é! Tenho lá minhas discussões com a Giovanna, de vez em quando, mas elas passam logo, pois estão ligadas a situações específicas e não à nossa relação, como um todo. Ela mesma me diz: “mãe, é impressionante como você não consegue ficar brava comigo por muito tempo!”. É que não vejo sentido em ser uma mãe de cara amarrada e palavras ásperas.
Tenho para mim que mãe, na verdade, é sinônimo de conforto, bem estar, colo, palavras amigas e gestos de carinho. Hoje mesmo perguntei à Giovanna, na hora do almoço: “O que te faz bem?”. E sabe o que ela disse? ”Amor, mãe!” E fiz outra pergunta: “E o que é de graça e você adora?” E ela: “Rir!”. Rir de quê? “De tudo! Da graça que está escondida em tudo”.
Um clima bom entre pais e filhos demanda atenção a certas regras de ouro da convivência: todo filho tem que ter a liberdade de poder ser quem quiser e fazer o que realmente gosta, e nós, como pais, devemos ajudá-lo a se realizar, a buscar sua independência, sem recriminá-lo por suas escolhas, nem projetar nele nossas expectativas e frustrações. Todo pai e toda mãe têm direito de ser quem realmente são, sem passar falsa imagem de heróis de pessoas acima do bem e do mal. Mais humanos e menos deuses. Tanto nós, pais, quanto nossos filhos…esse parece ser o caminho da felicidade, reconhecer que as pessoas têm o direito de SER o que bem quiserem e o dever de COMPREENDEREM as decisões dos outros, apoiando-as.
Maternidade, para mim, é, portanto, mais estado de espírito do que vocação. Envolve nobreza, desprendimento, menos egoísmo e mais solidariedade. É o triunfo da felicidade coletiva sobre a individual. Aos poucos, aprendemos a transformar em ninho nossos braços para doá-lo ao outro. Seguramos firme aquela mãozinha pequena, para passar confiança, e nos sentimos muito bem, protegidos. E sorrimos realizados ao vermos, mais tarde, essa mesma mão, já bem maior, nos dando tchau para ir descobrir a vida (mesmo com aperto no coração)! A alegria de ser mãe mora nos detalhes, no olhar afetuoso, na frase de incentivo, no abraço sem motivo, nas mãos dadas espontaneamente, e mesmo nas broncas que se fazem necessárias. Tudo isso justifica nossa caminhada e nos mostra que, para cuidarmos bem dos filhos, devemos nos abrir para o prazer, para o lado bom da vida, criando uma atmosfera de amor, carinho e aceitação para que eles se tornem adultos seguros de si. Aí sim estaremos realizados enquanto pais!