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O "negócio" das nossas crianças

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Um dia comum na rotina de trabalho: este "cliente" tem sempre "razão"

Vivemos em um mundo exponencial! Ouvi essa expressão recentemente e cada vez mais acredito na sua mensagem. O lado exponencial do mundo pode ser nitidamente identificado na velocidade em que se operam as mudanças. A rapidez com que somos pressionados a tomar decisões torna nosso ambiente de trabalho cada vez mais estressante e exige total dedicação. O Mundo dos Negócios tem se tornado cada vez mais feroz e essa realidade cobra o seu preço. É cada vez mais comum papais e mamães que, extremamente atarefados, têm de realizar a complexa escolha de priorizar família ou trabalho.

Neste contexto, não podemos nos esquecer de que nossos filhos demandam nossa atenção independentemente do quão importante e respeitável for a nossa vida profissional. Ao contrário do mundo do trabalho, é impossível se terceirizar a função de pai/mãe e dessa tarefa, não podemos ser demitidos ou sequer sair de férias. Nossa sociedade até nos apresenta algumas alternativas para tentar substituir o amor incondicional que emana dos genitores, entretanto, as opções oferecidas tecem uma relação funcional com os interlocutores, de forma que seu efeito só é positivo enquanto algum interesse secundário, e normalmente financeiro, permanecer vigente. Existe uma máxima de Mercado que diz: “Ninguém é insubstituível!”, felizmente, para a função de pai/mãe ela não é necessariamente uma verdade.

Não é o objetivo desta reflexão somar a culpa daqueles que, por um motivo ou por outro, são obrigados a criar uma rotina de compromissos e trabalho na qual o tempo para os filhos se resume aos finais de semana. Faz-se necessário, no entanto, que o fascínio pelo sucesso profissional não interfira no desafio de criar bem os filhos. O bem-estar de nossos filhos não pode ser preterido por qualquer outra atividade.

Neste momento se faz necessário refletir sobre qual é o “Negócio” dos nossos filhos? Utilizo aqui este termo como uma crítica sutil à forma como colocamos nossas prioridades. Se em nós as responsabilidades do trabalho são tão latentes que nos conforta usar essa expressão, podemos assumir também que nossos filhos são “Clientes Preferenciais” e merecem tratamento VIP. Tratar os filhos como “clientes” pode ser, para muitos, a chave para assumir as responsabilidades da paternidade/maternidade. Em nossos dias, é comum encontrarmos excelentes executivos, que têm o respeito e a admiração de todo Mercado, mas que dentro de casa encontram muita dificuldade no relacionamento com os filhos e com a família em geral. Tal situação é no mínimo preocupante uma vez que deve ser a família a primeira a usufruir de nossas competências profissionais e afetivas.

O “negócio” dos nossos filhos é simples e demanda apenas a nossa atenção. Imaginem a cena: O casal conversa empolgadamente durante o café da manhã sem se dar conta da presença da criança. A filha de um ano e meio tenta, sem sucesso, chamar a atenção com palavras e gestos, até que ao receber um pedaço de pão, joga-o no chão e começa a chorar. Não há motivo aparente para tal atitude, mas ainda assim o choro permanece até que a conversa se encerre e um dos pais a pegue no colo levando-a a um largo sorriso. Imagino que todos que já são pais passaram por situação parecida. Usando a analogia com o mundo nos negócios, essa é uma demonstração doméstica de que nosso “Cliente Preferencial” está insatisfeito com nossa “empresa”. Uma vez que retomamos o fornecimento do bom “serviço”, a relação com o “cliente” torna-se novamente amigável.

Esta cena nos permite realizar algumas reflexões. Particularmente, acredito que a forma como tratamos nossos filhos reflete, em alguma medida, o comportamento que temos diante dos clientes. O quão cordial, honesto e virtuoso somos diante dos “pequenos” demonstra nosso comportamento no mundo do trabalho. Minha opção, nestes casos, é assumir uma postura responsável diante de cada papel _ pai e profissional _ entendendo que ao dedicar minhas melhores horas aos meus filhos, estou me preparando para ter, no mundo do trabalho, uma postura que revele todo compromisso e responsabilidade que se deve dedicar aos clientes. O zelo com que tratamos os filhos - nossos clientes preferenciais - pode ajuizar a forma com que nos relacionamos com nossos clientes. Pensem sobre isso!





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