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Channel: Na pracinha
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Quando o coração sai pelo boca – ou pelo nariz

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Era dia de comer pizza com os amigos. Um início de noite convidativo, quente, bom para espairecer com o marido e a filhota.

Mas ora vejam, terminando de arrumar a mochilinha da pequena, uma sequência sem fim de espirros se inicia. “Será que ela gripou? Melhor não sair então (mãe-neurose)”. Fui ver de perto. E ela, tranquilamente, com a letra “I” do quadro de ímã enfiada no nariz, entre um espirro e outro. “Sarinha, não faz isso, é perigoso!” Chamo o marido para ver a explicação - no meu ponto de vista inicial - da origem de tantos espirros.

Marido: –  Engraçado, tem uma coisa estranha. Lembra o passador de cabelo que a Sara estava segurando? A bolinha que estava pregada nele se soltou. Eu perguntei onde está e a pequena insiste em apontar para o nariz.

Oi? O miolo da flor do passador dentro do nariz da minha filha? Peraí, claro que não. Se estivesse lá, a filhota já estaria sem respirar direito, engasgada ou algo do tipo que deixa a gente assustado.

Marido: – Ok, mas eu não encontro essa bolinha em lugar algum. 

E lá fomos nós, revirar brinquedos, quarto, sala, cozinha, em busca da bolinha perdida. De fundo, atchim pra todo lado.

Mas como pode, sumir assim? Atchim! Será que não está no quarto dela? Atchim! E no meio dos brinquedos? Atchim! E na cozinha, na sala? Atchim!

Desisto. Traz essa menina aqui, coloca no meu colo, vamos ver essa narina contra a luz. Um frio na espinha, na barriga, um suador. Lá estava ela, a famigerada bolinha do passador. Toda vermelha de bolinhas brancas, toda encaixada no nariz da minha filhinha. Que não parava de espirrar.

A família muda a rota, da pizzaria para o Pronto Atendimento. No caminho, todos os sinais insistiam em fechar. E atchim, atchim sem parar.

No hospital, adiantei o assunto na recepção, me passaram na frente de todo mundo (sério? Que maravilha!). Rapidamente já estávamos com o otorrino – santo otorrino! – que olhou, analisou e pegou uma pequena ferramenta – que não era pinça! – para retirar o dito cujo lá de dentro.

O otorrino: – Vejam, papais, vamos tirar isso daí. No entanto, em geral, as crianças não gostam que a gente mexa no nariz delas, sabe? Então vamos lá: coloquem a pequena no colo do papai, que vai cruzar as pernas sobre ela, para que não consiga se mexer. E a mamãe vai firmar a testa, para que também não se mova. Tudo certo? 

Foi rápido, a Sara chorou um pouco mas foi muito corajosa.

E saímos do hospital aliviados, agradecidos, leves e jurando nunca mais comprar pequenos passadores que tenham peças pequenas para se soltar. Que na verdade, nem deveriam existir como opção, vamos combinar.



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