Quando eu era menino, se você não se machucasse é porque não estava fazendo aquilo direito.
Se não caía do rolimã é porque não se embalava na descida mais perigosa. Se não arrancava o “tampo” do dedão, é porque não jogava bola no asfalto. Se não ralava o joelho é porque não corria na terra, se não machucava a mão é porque não subia na árvore, se não ficava gripado é porque não brincava na chuva.
E aí a dor não era um drama, uma injustiça da vida, pelo contrário. A dor era testemunho da diversão ao máximo, da entrega à sua própria idade, do impacto de tanta descoberta.
Nossa filosofia nada filosofada, de rosto sujo e riso aberto, é que se não fosse pra se entregar, qual a razão de estar ali?
Crescemos com a certeza de que viver não é só existir. E que se não houver dor, se não houver erro, estamos realmente fazendo alguma coisa errada.